23 de abr. de 2013

TERRORISMO DO PÚLPITO E A PREGAÇÃO CONTEMPORÂNEA


TERRORISMO DO PÚLPITO E A PREGAÇÃO CONTEMPORÂNEA
 Por: Pr. Ezequiel Silva
Toda forma de terrorismo é repudiada: político, social, religioso, bélico, extremista, etc. Porém, tem uma forma de terrorismo que está sendo muito usada, por alguns "pregadores" nos púlpitos cristãos, que chamo de TERRORISMO DE PÚLPITO.  O que significa isso? É quando o pregador vocifera do púlpito palavras de ordem, chavões ao seu público que: se ele não fizer isto ou aquilo, estarão sujeitos ao fogo do inferno. Entre outras, por exemplo: “quem não pular ou falar em línguas hoje, neste culto, Deus vai jogar no leito”; “se você não contribuir com R$X, vai ficar doente”, e por aí vai.  É cada absurdo! E o pior: alguns usam o nome de Deus para chancelar a sua vaidade pessoal. 
O Terrorismo de púlpito é inaceitável e igualmente repudiável, pelas seguintes razões: 1) desqualifica o poder salvífico do Evangelho de Cristo (que é "o poder de Deus para salvação de todo que crê" - Romanos 1.16), 2) atemoriza as pessoas que ouvem (Cristo mesmo disse: "a minha paz vos dou [...], não se atemorize." - João14.27), 3) aliena o crente, 4) constrange  o ouvinte e, 5)  envaidece o "pregador".
 Pregadores há que precisam sentar e ouvir alguns anos antes  de sair pregando por aí, travestidos de imitação, “unção”, rouquidão e roupagem de outros pregadores ditos “famosos” e não revestidos do Espírito Santo de Deus. Não que eu seja contra os pregadores novos (deve-se começar cedo). Entretanto, quando comecei a pregar e depois casei-me,  fui diácono, presbítero da igreja, a minha esposa me incentivou a ir com ela para o seminário, e fomos!!... Pregadores há que precisam aprender a pregar primeiro, não só noções de homilética, eloquência e retórica, também  de  educação para falar (tem uns que berram!) e falar  em público, conhecer também, o mínimo do vernáculo  (em nosso caso, a Língua Portuguesa) para depois usar o microfone em público. Não estou excluindo o chamado de Deus. Não! Absolutamente. Contudo, Deus chama a quem ele quer, mas cabe ao pregador saber lidar com as ferramentas a sua disposição: 1) Bíblia, 2) oração, 3) sabedoria, 4) o mínimo necessário de conhecimento teológico. 1) A Bíblia está aí em várias versões, tipos e modelos. 2) A oração deve ser uma prática de comunhão. 3) A sabedoria vem de Deus, a quem se pede ( leia Tiago 1.5) e 4) conhecimento  bíblico e teológico, é indispensável. Como vai pregar o que não conhece. Aí diz o incauto: Mas, Jesus falou para não se preocupar que na hora seria concedido o que falar. Pois é, se conhecesse Bíblia e as disciplinas teológicas: homilética, hermenêutica e exegese, não citava um texto fora do contexto. No texto em questão (Mateus 10.19), Jesus consola os discípulos, no caso deles serem presos por amor do Evangelho, diante do juiz, onde não haverá Bíblia,  estudo  teológico, etc, só oração. Então, naquele momento seria concedido, pelo Espírito de Cristo, o que falar. E o Salmo 81.10..., trata-se de uma poesia relembrando o cativeiro do Egito e falando da obstinação do povo de Israel. O indicativo ali é para se encher da lei de Deus.
 Há que se levar em conta que estamos a pregar o Evangelho para pessoas do Séc.  XXI: pessoas com outras motivações, e que não veem na pregação ou no pregador, um atrativo para aceitar o Evangelho, se não fosse a misericórdia do Senhor. O que se tem visto e ouvido são: Mensagens de persuasão; de autoajuda; de apelo emocional (somente), de triunfalismo  (Deus vai te dar, vai te levantar,  vai tirar do calabouço,etc.). Aí alguém diz: mas o povo quer ouvir isso. Eu digo que não: o povo vai acostumar ouvir o que se prega. Comece a pregar a mensagem de Cruz, ou a palavra doutrinária, edificativa, exortativa e consoladora, com as qualificadoras acima apresentadas, e veja o resultado. AH!  Mas, se não tiver um gritinho, um pulinho, línguas, não está bom. Serei taxado como pregador frio. A experiência tem me mostrado nesses 23 anos de ministério, 14 anos de pastorado, que mesmo nas mensagens evangelísticas ou doutrinárias, a igreja sente a Graça e o Poder de Deus. E quem convence o pecador é o Espírito Santo e não a mera eloquência persuasiva do pregador. Devo dizer (por um dever de consciência) que as mensagens dos púlpitos evangélicos tem melhorado e muito. Jovens, pregadores e pregadoras, tem se esforçado por aprender primeiro.
 A mensagem bíblica contemporânea tem-se mostrado improdutiva, por assim dizer, por alguns motivos: tem-se apresentado o pregador (com roupas e sapatos que mais parecem uma estrela de cinema) e não a Cristo; tem-se trocado a sabedoria bíblica que vem do alto pela sabedoria humana que é “terrena, animal e diabólica" (leia Tiago 3.15);  tem-se preferido a mensagem intelectual a poderosa mensagem bíblica. Poderosa aqui não se traduz em berros e gritaria, e chavões e palavras de ordens.Paulo disse enfaticamente: “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder...” (1Coríntios 2.4). Tem-se  esquecido da mensagem do calvário, a mensagem essencialmente bíblica,  com demonstração de resultado positivo: salvação de vidas, curas divinas, libertação, edificação, vidas consoladas e exortadas. O que se tem trazido para os púlpitos,infelizmente, é comida de má qualidade, arranjos homiléticos, pregações copiadas  de internet, livros, etc. Ou,ainda, a pregação que agrada aos ouvidos. Há muitos, já  se ouvia dizer: “o pregador fala o que Deus quer que ele fale e não o que os outros querem ouvir”. Esta é a visão do autor Dennis F. Quinlaw, do livro “Pregação no Espírito” (Ed. Betânia): “O pregador busca algo além do que a energia humana pode produzir.” – Um pregador da Palavra não pode basear-se na experiência de outros, se quiser pregar com poder; tem que buscar sua própria experiência
A pregação contemporânea precisa mostrar que o Evangelho é novidade de vida, que ser crente não é estar enrolado numa bandeira denominacional. Mas que é uma transformação de vida – da velha para uma nova em Cristo. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. (2Coríntios  5.17)

(Continua)... Até breve na Santa Paz!